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Biography

Manuel Moreira Cardoso (Favaios, 8 de Dezembro de 1899 — Lisboa, 28 de Fevereiro de 1984) foi um militar que se destacou como pioneiro da aviação, tendo participado em diversos raids aéreos entre Portugal e as suas então colónias. Com Francisco Sarmento Pimentel realizou o primeiro voo entre Portugal e a Índia.

Biografia

Ingressou como voluntário na Escola de Guerra em Agosto de 1918, onde frequentou o curso da arma de Cavalaria. Foi promovido a alferes em Novembro de 1920.

Frequentou em 1925 o curso de pilotagem da Escola Militar de Aviação, em Sintra, recebendo o brevet em Março de 1926. Tendo ingressado na Aeronáutica Militar, foi colocado no Grupo de Esquadrilhas de Aviação República, na Amadora, e depois no Grupo Independente de Aviação de Bombardeamento, em Alverca.

Em Novembro de 1930, como capitão, participou com o tenente-aviador Francisco Sarmento Pimentel no primeiro voo entre Portugal e a Índia, tendo partido da Amadora a 1 de Novembro e chegado a Goa a 19 de Novembro depois de terem atravessado o sul da Europa, o Egipto e o Médio Oriente. Pelo feito foi condecorado com a Ordem Militar da Torre e Espada.

O avião utilizado foi um De Havilland Puss Moth, de 120 cavalos, com cockpit, que foram comprar a Londres, pelo custo de 84 contos. Curiosamente das múltiplas peripécias do voo a maior revelou-se na primeira etapa que, extemporaneamente acabou por ser Amadora-Sevilha. Nesse voo entraram, sem o esperarem, devido a um erro de um técnico de meteorologia, numa tempestade tal, que embora ambos fossem aviadores experimentados, viram a morte como inevitável. Ao chegar por pouco não foram presos por um sargento mais zeloso que achou provável a existência de um terceiro elemento a bordo, um tal sargento (Sarmento) Pimentel, obviamente atirado borda fora.

O avião acabou por ficar, como combinado, em Goa, onde serviu de correio aéreo, feito pelo filho do Governador do Estado da Índia, então capitão piloto-aviador Craveiro Lopes, que viria a ser Presidente da República.

Note-se ainda que a iniciativa deste feito partiu dos aviadores, ambos transmontanos, o que justifica que ao avião fosse dado o nome de Marão. O dinheiro foi garantido com hipotecas a bens de parentes de Sarmento Pimentel, que seriam liquidadas com a recepção de uma recompensa de 100 contos, instituída pelo Estado da Índia, ao primeiro avião português que aí pousasse vindo de Lisboa.

Em 1934 envolveu-se no Cruzeiro Aéreo às Colónias. Esta iniciativa, desta vez do próprio Ministério, procurava demonstrar ao mundo a possibilidade material de integração das diferentes parcelas do Império Português. Assim, antes da partida, houve lugar a cerimónias presididas pelo próprio Presidente da República, Óscar Carmona.

A ideia era sobrevoar as colónias africanas de Oeste para Este, após o que se retornaria a Lisboa. Um grande número de aviadores e mecânicos foi reunido para o efeito. Infelizmente, dos doze aviões que partiram apenas três voltariam por via aérea (major Pinho da Cunha, capitão Moreira Cardoso e capitão Joaquim Baltazar; e os mecânicos Simões, Dinis e Ramos). Os restantes regressaram por via marítima. As razões invocadas para este facto, inalação de gases de escape livre, e consequente intoxicação por monóxido de carbono, foram, no mínimo, polémicas e pouco plausíveis.

Embora apresentado como um grande feito perante a população portuguesa o projeto acabou por ser um grande fracasso, na medida em que evidenciou fragilidades insuspeitas no controlo dos territórios e das infra-estruturas aéreas. A pobreza das cerimónias comemorativas foi disso um sinal e, contrariando a prática habitual, aos três pilotos que regressaram não foi sequer feita a justiça de atribuição - no caso de Moreira Cardoso de nova imposição - da mais alta condecoração nacional, a Torre e Espada, de Valor, Lealdade e Mérito.

Em 1934 foi obrigado a passar à reserva por motivos políticos, embora não tenha sido exilado, como o seu camarada de armas Francisco Sarmento Pimentel.

Já na reserva, e com o posto de major, comandou o Asilo de Inválidos Militares, em Runa, até 1950.

Em 1964, numa estratégia de clara aproximação, o governo atribui-lhe a comenda da Ordem do Império. Concomitantemente, ao seu grande amigo Francisco Sarmento Pimentel é permitido regressar a Portugal.

O regime político saído do 25 de Abril não se preocupou ainda em fazer justiça sobre este e tantos outros heróis da Força Aérea dos decénios de 20 e de 30, que viram as suas carreiras cortadas.

Faleceu em 28 de Fevereiro de 1984,e foi sepultado com as mais altas honras militares em Almada onde fixou residência.

Homenagens

Manuel Moreira Cardoso foi condecorado com os graus de oficial na Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito em 11 de Julho de 1931, oficial na Ordem Militar de Avis em 5 de Outubro de 1932, e comendador na Ordem do Império em 11 de Junho de 1964.

Notas


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