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Brazil
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Esmeraldina Carvalho Cunha
Brazilian housekeeper

Esmeraldina Carvalho Cunha

The basics

Quick Facts

Intro
Brazilian housekeeper
Places
Gender
Female
Place of birth
Araci, Brazil
Place of death
Salvador, Brazil
Age
50 years
Family
The details (from wikipedia)

Biography

Esmeraldina Carvalho Cunha (Araci, 1 de abril de 1923 - Salvador, 20 de outubro de 1972) foi dona de casa e após a morte de sua filha mais nova, presa e torturada pelos militares durante a época da ditadura no Brasil, iniciou uma luta para denunciar a violência e as atrocidades que aconteciam com quem discordava e se colocava como opositor ao regime militar.

Tanto a Comissão Nacional da Verdade (CNV), quanto a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) confirmam em seus relatórios que a morte de Esmeraldina Carvalho ocorreu como uma forma de repressão do governo em consequência de suas ações públicas e denúncias contrárias aos interesses do regime militar. Apesar de constar em sua ficha de óbito que a causa morte seria suicídio, a CNV afirma que a real causa seria a perseguição e uma ação perpetrada por agentes do Estado Brasileiros. Dessa forma, as investigações sobre o caso continuam para assim identificar e responsabilizar os agentes envolvidos.

Biografia

Esmeraldina Carvalho nasceu no município de Araci, no interior do estado da Bahia. Filha de Cândido de Sena Cunha e Minervina Carvalho Cunha, ela casou-se com Tibúrcio Alves Cunha Filho, com quem teve cinco filhas. A mais nova que fazia parte da organização política Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), Nilda Carvalho Cunha, foi presa em sua casa por agentes do Exército na madrugada do dia 20 de agosto em um cerco realizado no local para prender Iara Iavelberg. A prisão motivou Esmeraldina Carvalho, que já estava divorciada do marido, a sair à procura por toda a Bahia do paradeiro da filha mais nova, pois até então a família ainda não sabia o que havia acontecido. Procurou os comandantes militares, o juiz de menores, advogados, tentou romper a incomunicabilidade imposta pelo regime.

Ao finalmente encontrar Nilda na Base Aérea de Salvador, era visível para Esmeraldina os sinais de tortura e violência no corpo da filha. Durante dois meses, Esmeraldina enfrentou os militares e bateu de frente com o major Nilton de Albuquerque Cerqueira, um dos carcereiros de sua filha e comandante do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) de Salvador, o qual tentou impor como condição para a soltura de Nilda que a mãe voltasse a viver com o ex-marido, fato que não se concretizou e quase impediu a liberdade da filha. A outra condição foi colocada quando o major esteve no quarto de hospital em que Nilda, já em liberdade, estava internada para tratamento. Sua presença e as ameaças de fazê-la retornar à prisão agravaram o estado de Nilda, que morreu dias depois, em circunstâncias nunca esclarecidas. A morte no dia 14 de novembro de 1971 de Nilda Carvalho, fez com que a mãe saísse ainda mais em defesa dos perseguidos e desaparecidos políticos na época. Mesmo sendo internada no sanatório Ana Nery, Esmeraldina não desistiu de denunciar a morte de sua filha. Assim que deixou o sanatório, ela procurou os médicos do hospital onde a filha Nilda ficou internada, entretanto, não encontrou ninguém que pudesse esclarecer as causas relacionadas com a morte de sua filha. Esmeraldina Carvalho andava pelas ruas de Salvador denunciando a violência e as atrocidades feitas pelo Exército, em especial o caso da filha Nilda. Em uma dessas andanças, foi presa na Secretaria de Segurança Pública, de onde foi liberada pela intervenção de uma amiga que a viu ser levada pela polícia.

Uma das filhas, Lúcia, também chegou a ser presa, mas foi solta logo. Outra filha, Leônia, foi militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e da Polop (Organização Revolucionária Marxista Política Operária). A filha mais velha, Lourdes, acabou também sendo afetada pelas ações do regime militar, sofrendo cruelmente por muito tempo assédio por parte dos agentes do Exército, o que lhe causou sérios problemas emocionais e comportamentais.

Morte

Esmeraldina Carvalho foi encontrada morta aos 49 anos no dia 20 de outubro de 1972 na sala de estar de sua residência. O seu corpo foi encontrado pela filha Lubéria e seu noivo pendurado por um fio de máquina elétrica. Apesar de na época a ficha de óbito constar que a causa da morte foi suicídio, a filha Leônia, estranhou que ao entrar na sua casa logo após o ocorrido, manchas de sangue estavam espalhadas pelo chão da sala. Outro indícios de que não havia sido suicídio era a ausência de marcas do fio no pescoço de sua mãe, o fato do rosto dela não estar arroxeado, a carótida não estava deslocada e tampouco a sua língua estava para fora.

Segundo o relatório e as investigações da Comissão Nacional da Verdade, concluiu-se que a morte de Esmeraldina aconteceu em decorrência do sistema de repressão e violência à oposição instaurado no Brasil durante o regime militar.

O corpo de Esmeraldina foi enterrado pela família no Cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador.

Investigação

Em decisão de 2 de junho de 2006, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro pela morte de Esmeraldina Carvalho Cunha. Seu nome consta no Dossiê ditadura: mortos e desaparecidos políticos no Brasil (1964-1985), organizado pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.

Homenagens

A história de Esmeraldina Carvalho Cunha e de sua filha Nilda Carvalho Cunha constam no livro Direito à Memória e à Verdade lançado em 2007. O livro é um relatório final de 11 anos de trabalho da Comissão Especial sobre os Mortos e Desaparecidos, criada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e organizado por Paulo Vannuchi, secretário de Direitos Humanos da Presidência. O livro é a primeira versão oficial do Estado brasileiro sobre os mortos e desaparecidos da ditadura militar instaurada em 1964. Segundo as contas da Comissão, teriam sido exatamente 356 as vítimas da ditadura.

O caso de Esmeraldina e da filha também está no livro Luta, substantivo feminino: mulheres torturadas, desaparecidas e mortas na resistência à ditadura publicado no ano de 2010. A obra reúne as histórias de 45 mulheres assassinadas e desaparecidas por agentes da ditadura militar no Brasil (1964-1985), cujos casos foram julgados pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.

Ligações Externas

Ver também

  • Lista de mortos e desaparecidos políticos na ditadura militar brasileira
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