Abram Szajman
Quick Facts
Biography
Abram Abe Szajman••(São Paulo, 20 de julho de 1939) é um empresário brasileiro, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), fundador da Vale Refeição, empresa líder de mercado no segmento de refeições conveniadas, e presidente do Centro do Comércio do Estado de São Paulo e dos Conselhos Regionais do SESC e do SENAC de São Paulo, e vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Assumiu em 2009 a presidência do Sebrae, em mandato que durou dois anos .
Histórico
Abram Szajman nasceu no Bom Retiro, bairro paulistano próximo à Estação da Luz. O local tem um histórico de receber imigrantes: primeiro os italianos, a seguir judeus da Europa Oriental, atualmente coreanos e bolivianos.
Filho de imigrantes poloneses, seus pais chegaram ao Brasil no início da década de 1930 para se reunirem a um tio de Szajman, já estabelecido aqui na década anterior. Falavam o idioma polonês e o ídiche, dialeto dos judeus orientais que se assemelha ao alemão. O nome Szajman se pronuncia “chaiman”, já que no polonês a junção “sz” soa como o "ch" em português e o “j”, como em outras línguas européias, equivale ao “i”.
Aos dez anos de idade, após concluir o curso primário no Grupo Escolar Prudente de Moraes, colégio público situado no Jardim da Luz, começou a trabalhar como office-boy na loja do tio. Logo percebeu que o Brasil era o ponto de chegada de sua família e que o imigrante deve aproveitar as oportunidades para crescer na terra de adoção. O trabalho na loja, de início uma imposição, abriu-lhe perspectivas novas, pois ganhar a vida com vendas dependia apenas de seu próprio talento e esforço.
Dessa forma, desenvolveu as características básicas que todo o comerciante deve ter: disposição para o diálogo, paciência com os clientes, conhecimento do produto que oferece, do preço da concorrência e a percepção de que o fundamental é satisfazer o comprador, do outro lado do balcão.
Os anos de trabalho na empresa familiar lhe proporcionaram o aprendizado para mais tarde aventurar-se a criar seu próprio negócio. Em 1957 conclui a Escola de Comércio Álvares Penteado, no centro da cidade, no Largo São Francisco. Em 1959 entra para o CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), a maneira que encontrou para resgatar, como filho de imigrantes, a dívida de gratidão para com o País que acolheu sua família. Como ele, outros companheiros de infância do Bom Retiro saíram do anonimato e para fazer carreira nos negócios, em profissões liberais, na cátedra e na política, como o governador de São Paulo, Alberto Goldman.
Na atividade empresarial, Szajman explorou vários campos, com passagens pelo ramo imobiliário e pelo setor de turismo. O grande salto viria com a VR, de começo difícil e progresso lento, em mercado muito competitivo marcado pela presença de uma agressiva multinacional francesa. Criada em 1977, a partir da instituição do Programa de Alimentação do Trabalhador, no Governo Geisel, a VR cresceu. Chegou à liderança entre as similares brasileiras e ao segundo lugar no ranking, apesar das turbulências que abalaram a economia brasileira nesse período.
A capitalização permanente da VR deu condições de atravessar os períodos de crise, os sucessivos planos econômicos de intervenção brutal na economia e quebra de contratos, como aconteceu no período do Cruzado e do Plano Collor. Suas empresas estavam imunizadas contra as epidemias intervencionistas. Tinham ainda outra característica: a capacidade de delegar de Szajman, que passou aos filhos as principais funções executivas no grupo. A carteira de clientes do vale-refeição e alimentação da VR foi vendida para o grupo Sodexo. Hoje o Grupo VR diversificou suas atividades e atua, entre outros, no mercado imobiliário.
Casado com Cecília Zaclis, é pai de Cláudio Szajman, André Szajman e Carla Szajman.
Fecomercio
Abram Szajman compreendeu desde cedo que os empresários de um mesmo ramo, mesmo concorrendo entre si, devem se unir para defender os interesses comuns. Por isso em 1968 filiou-se ao sindicato patronal do setor em que atuava e também ao Centro do Comércio do Estado de São Paulo. Sua atuação nessas organizações levou-o a postos de direção e à indicação para o Conselho de Representantes da Fecomercio. Em 1969 foi eleito para o Conselho do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Senac e em 1972 para o Conselho de Serviço Social do Comércio, Sesc, na Administração Regional de São Paulo.
Na Fecomercio, a partir de 1971 ocupou sucessivamente os cargos de tesoureiro, vice-presidente e presidente, reeleito desde 1984. Seu trabalho nas entidades do comércio o projetou nacionalmente: membro do Conselho de Líderes Permanentes do Fórum Gazeta Mercantil em 1989, foi agraciado pela ADVB – Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil – com o título de Homem de Vendas do ano de 1994.
Suas gestões e orientações na presidência da Fecomercio sempre foi a de, em primeiro lugar, ouvir os sindicatos filiados e as empresas representadas de maneira permanente. Para isso a Fecomercio acompanha, no dia a dia, como as decisões de política econômica repercutem na grande loja de departamentos e na loja de uma porta só, onde muitas vezes trabalham apenas o próprio dono e membros da família.
Abram Szajman vive a política pelo lado empresarial. Não é filiado a nenhum partido, mas considera um dever participar do debate das questões fundamentais para o País. Sob sua liderança a entidade assume posturas críticas diante dos Poderes Públicos, mas também dialoga e colabora com as autoridades na busca de soluções. A seriedade desse trabalho foi reconhecida e o levou a tornar-se interlocutor do governo na esfera municipal, estadual e federal.
Em 2004, decorridos mais de seis décadas de sua fundação (em 1938) a Fecomercio passou a ter sede própria, como resultado de um processo de economia de recursos, iniciado quando Szajman ainda era tesoureiro da entidade. Com cinco andares e um heliponto, a nova sede está situada ao lado da Avenida Paulista, maior centro financeiro do País.
Outras atividades
Abram Szajman está presente em diferentes fóruns, atuando para desobstruir os canais que devem assegurar o fluxo permanente da energia empreendedora. Boa parte de seu tempo é dedicada à gestão do Sesc, Senac e Sebrae, entidades mantidas por meio de contribuições dos empresários.
Participa de conselhos como o do Hospital Israelita Albert Einstein e do Incor. No Einstein, seu nome foi dado ao Centro de Educação e Saúde do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (vinculado ao Hospital). Foi um dos fundadores da ONG Instituto São Paulo contra a Violência, de atuação destacada na redução da criminalidade por meio do Disk Denúncia e de campanhas contra as drogas. Aceitou convite da Anistia Internacional para ser, no Brasil, um ativista dos Direitos Humanos, colocando seu nome e prestígio a serviço da luta contra prisões arbitrárias e cerceamento da liberdade. Na Anistia Internacional coube-lhe patrocinar a causa da família de José Del Carmen Álvarez Blanco, trabalhador rural de um povoado da Colômbia, seqüestrado em 1990 e desde então desaparecido.
Sua sensibilidade para as questões sociais, o levou a tornar-se benemérito da Casa Hope, a Ong do setor de oncologia que recebe, assiste, ampara educa e forma profissionalmente pacientes de câncer e seus familiares acompanhantes que, vindos de todos os estados do Brasil, sem recursos, procuram tratamento nos hospitais de São Paulo.
Foi presidente da Casa de Cultura de Israel, outra contribuição de empresários à cidade de São Paulo, que resultou na construção de um centro cultural moderno ao lado da estação Sumaré do metrô. Corinthiano desde a infância no Bom Retiro, já foi cogitado para a presidência do clube.
Condecorações
- Ordem de Rio Branco (1988)
- Ordem do Mérito do Trabalho (1984)
- Ordem do Mérito Judiciário Trabalhista (1989)
- Ordem do Mérito Cultural (1998)
- Ordem do Mérito Militar (1987)
- Ordem do Mérito Naval (1984)
- Ordem do Mérito Aeronáutico (1990)
- Ordem do Mérito Judiciário Militar (2000)
- Bene Merito (2020)
- Krzyż Oficerski Orderu Zasługi Rzeczypospolitej Polskiej (2002)