Nilson Luiz May
Quick Facts
Biography
Nilson Luiz May (Santa Cruz do Sul, 15 de maio de 1940) é um médico e escritor brasileiro. É presidente da Federação das Cooperativas Médicas do Rio Grande do Sul (Unimed RS). É autor do romance "Terra da Boa Esperança" de 1989, do livro de contos "Inquérito em Preto-e-Branco" de 1994; de crônicas "Pelos (des)caminhos da Medicina Assistencial Brasileira" de 1996; da novela "Céus de Pindorama", também de 1996; de crônicas “A Máquina dos Sonhos” de 2008 e do romance folhetim “Misterioso caso na Repartição Pública” de 2010. Sua obra mais recente, de contos, "Última Chamada",foi editada em 2012 pela editora própria Scriptum.
May também possui uma considerável biblioteca - que organiza por épocas, com livros sobre escritos produzidos desde antes da era cristã - com destaque absoluto para a tríade que estuda e venera: Franz Kafka, Jorge Luis Borges e Albert Camus - este o criador do que considera como o melhor livro que já leu, "O Estrangeiro". Já ‘namorou’o francês Jean Paul Sartre, mas quando aprofundou-se em Camus apaixonou-se perdidamente pelo que chama de "proposta mais consistente" quando compara estes dois filósofos escritores. Estudante da faculdade de Medicina, em Porto Alegre, ainda sem dedicar-se a escrever, no início da década de 60, tratou de estudar autores e literatura. Estimulado pelo Suplemento Literário do jornal Correio do Povo, que publicava novatos, começou a escrever artigos e crônicas. Hoje afiança: - Mas não era hobby. Nunca foi diversão. Foi paixão séria, foi amor pela literatura. Acrescenta; às vezes cerimonioso. -Escrever é meu segundo ofício. Decididamente, o gosto acentuado pela leitura não é herança familiar. Em casa, nem o pai nem a mãe cultivavam o hábito de ler. Por isto, a paixão não foi precoce. Só lá pelos 12, 13 anos, é que o meninote Nilson Luiz se encantaria pelas histórias maravilhosas que se escondiam e se revelavam nas páginas letradas dos livros, deixando para um lado os gibis, as revistas em quadrinhos, assemelhadas às encenações de filmes -que assistia com furor diário durante as férias, indo a todos os cinco cinemas de Caxias do Sul onde morava desde o primeiro ano de vida, o menino que nasceu em Santa Cruz do Sul no dia 15 de maio de 1940 no lar da dona de casa Leolita Cecília e o futebolista profissional que cumpria funções de escriturário na Metalúrgica Eberle, Armindo Rodolfo May. Nunca esqueceu os três primeiros livros que comprou, cujos exemplares guarda, envelhecidos mas acarinhados na biblioteca de casa. Um dos primeiros foi "O Corcunda de Notre Dame", de Vitor Hugo. Neste volume, uma data, carimbada, informa o ano da compra: 1954. Outro dos pioneiros é "O Guarani", de José de Alencar. Neste exemplar ele descobriu, certo dia, muitos anos depois, uma pétala de flor ressecada pelo tempo e um minúsculo bilhete de autoria de uma bela colega da Faculdade de Letras, cursada quando ele tinha 28 anos. Um terceiro, "A Cidadela", de A.J.Cronin, virou livro de cabeceira durante bom tempo, até porque trata de temas médicos.
Adolescente, quando vinha de Caxias do Sul a Porto Alegre visitar parentes na zona norte da capital costumava visitar um sebo na avenida São Pedro onde mais manipulava e especulava do que adquiria livros. Aos poucos, começou a formar uma biblioteca pequena, de uma dezena de livros. Depois, adquiriu mais dez dos 30 volumes da coleção de Karl May que, sem jamais sair da Alemanha, escreveu sobre mirabolantes aventuras desenvolvidas tanto nos Estados Unidos quanto na Índia.
De fato, primeiro foram as redações de aula que venciam os concursos escolares em que se metia. E depois ele dedicava-se a sonhar com o dia em que veria o trabalho literário estampado nas páginas do suplemento literário que o jornal Correio do Povo trazia encartado, aos sábados.
No dia 9 de janeiro de 1966, devidamente anotado no calendário especial da trajetória literária, isto finalmente aconteceu com a publicação de "Os embaixadores", em que abordava o lançamento de dois livros de escritores consagrados intitulados "O Senhor Embaixador", de Érico Veríssimo, e "O Embaixador", de Morris West. O texto, assinado com nomes e sobrenome, Nilson Luiz May, estava publicado ao lado de poema do consagrado Armindo Trevisan, inchando-lhe o orgulho, transbordando ainda mais com a repercussão que a façanha obteve em toda Lajeado.
Angariava uma nova e ilustre identificação: era o médico-escritor.
Tempos depois, ele acostumou-se à constância de seus textos no Suplemento onde, às vezes, apareciam publicados até em dois sábados consecutivos no credenciado encarte. Nesta época, já médico atuando em Lajeado, vinha a Porto Alegre trazendo a peça literária, datilografada cuidadosamente para evitar erros de ortografia.
Ingressava timidamente na redação da rua Caldas Júnior impressionado com o matraquear dos teclados das máquinas de escrever Remington e Olivetti manuais que os redatores acionavam com um ritmo similar a de uma bandinha folclórica alemã.
Entregava a folha com o escrito para o editor do caderno, o jornalista P.F.Gastal, que colocava-o sobre uma pilha que acumulava um volume de cerca de um metro com outros trabalhos aspirantes à publicação. Em seguida, avançou para a ficção, estimulado pelos concursos mensais do Prêmio Apesul que laureava novos pretendentes ao posto de escritor no cenário gaúcho devidamente midiatizado por reportagens divulgas nos veículos da Companhia Jornalística Caldas Júnior, os jornais matutino Correio e vespertina Folha da Tarde e a rádio e a TV Guaíba. Mês a mês iam sendo selecionados os melhores que passavam a finalistas do evento que culminava com encontro festivo no Hotel Laje de Pedra em Canela. Em 1978, pela primeira vez, foi selecionado em um dos meses e passou à etapa final com direito a comparecer à festa na serra, convivendo com os autores riograndenses que admirava como o historiador Sergio da Costa Franco, o ficcionista e médico Moacyr Scliar e o contista Sergio Faraco que, com o jornalista Jaime Copstein, incentivou-o a prosseguir apostando na carreira literária. Em 1980, agraciado com o Prêmio Revelação em crônica pelo texto "Inquérito em preto e branco", passou a imaginar voos maiores. Cursou a Faculdade de Letras e lançou o livro "Terra da Boa Esperança" pela editora Tchê, do amigo português que chama de "eterno livreiro" Edgardo Xavier. Num período seguinte, estudou os autores africanos de língua portuguesa, com quem trocava correspondências que vinham sempre em papel com o verso já utilizado, mostrando a carência de recursos dos escritores da África. Produziu nesta fase, estudos e publicações sobre "Literatura Africana de Língua Portuguesa".
Ao longo dessa jornada, escreveu dezenas de artigos e comentários sobre temas de Exercício Profissional, Política de Saúde, Assistência Médica, Problemas relacionados a Planos de Saúde, Questões Hospitalares, Cooperativismo, Modelos de Assistência Previdenciária, Estatização X Privatização. Desvios de verbas públicas e outros. Também conduziu palestras, conferências e mesas-redondas, foi o organizador nacional do "Compêndio de Cooperativismo UNIMED", lançado na Convenção Nacional de Curitiba, setembro de 1998 e é autor de prefácios de diversas obras sobre Cooperativismo de Saúde. Além do Caderno de Sábado(Correio do Povo) publicou no Suplemento Literário de Minas Gerais, Cadernos Culturais, Revista Charrua de Moçambique e outros. Participou em 11 antologias de contos, ensaios e crônicas. Foi selecionado como participante do livro “Antologia Crítica do Conto Gaúcho” em 1998. exerceu a função de cronista semanal (sábados) do Jornal “O Sul,” Porto Alegre, de janeiro de 2004 a dezembro de 2005 e participante da “Antologia de Contistas Bissextos” em 2007. É membro titular da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, da Associação Gaúcha de Escritores e da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina, onde ocupa a cadeira nº 7, cujo patrono é Aureliano de Figueiredo Pinto.