Maria Velluti

Maria da Conceição Singer Velluti de Sousa (Lisboa, 10 de dezembro de 1827 - Rio de Janeiro, 15 de julho de 1891). Atriz conhecida na cena portuguesa apenas como Maria Velluti, teve longa carreira como tradutora e atriz de teatro no Brasil. Foi casada com o também ator Joaquim Augusto Ribeiro de Sousa.

Iniciou sua carreira artística no Conservatório Real de Lisboa como dançarina e foi aluna do Conservatório Nacional. Teve sua estréia em 1845 e estava entre os artistas com preferência de escrituração na abertura do Teatro D. Maria II. Em novembro de 1846, foi para o novo Teatro do Ginásio, então denominado Teatro Nacional Lisbonense, onde estreou na peça "Apartamento de Dois Maridos" e representou "Luisa Bernard", drama de Alexandre Dumas, ao lado de Fortunata Levy.

Em 27 de agosto de 1847 Maria Velluti desembarcou no porto do Rio de Janeiro, acompanhada de sua irmã Henriquetta. Possivelmente estava grávida; crônicas da época registram que Velluti teve um filho do escritor e dramaturgo português Almeida Garrett, mentor da atriz no início de sua carreira. No dia 24 de outubro do mesmo ano, estreou no Teatro São Francisco de Paula, na Companhia Dramática de João Caetano, no drama "Um pai". A partir de então, Velluti passou a realizar trabalhos como bailarina e atriz na mesma companhia.

Consta que Maria Velluti apresentava números de danças nos intervalos dos dramas no Teatro de Santa Teresa, em Niterói, que reproduzia o mesmo programa do Teatro São Francisco, ambos dirigidos por João Caetano. Um ano após sua chegada ao Rio, Velluti se transferiu para outra companhia dramática, a de Florindo Joaquim da Silva, que ocupava o Teatro São Pedro de Alcântara. Em setembro de 1848, Velluti estava no elenco do drama "A terrível vingança de uma mulher ou o filho repudiado". Em 29 de agosto de 1852, interpretou "Minette, a gata", na comédia em ato único denominada "A gata transformada em mulher".

Velluti foi uma peça importante para a criação do Teatro Ginásio Dramático. Joaquim Heliodoro Gomes dos Santos criou a nova empresa dramática para acolhê-la depois de uma “desinteligência” entre Velluti e João Caetano, no Teatro São Pedro de Alcântara. Enquanto João Caetano insistia em representar peça de um repertório clássico e já muito conhecido pelo público, o do Teatro Ginásio Dramático foi composto quase que exclusivamente de originais franceses traduzidos, principalmente comédias. Velluti traduziu 8 peças no primeiro ano de atuação na companhia: "Luíza ou a reparação", de Scribe, "Uma mulher de juízo ou aos 30 anos", de Rosier, "As primeiras proezas de Richelieu", de Bayard e cinco outras de autores não identificados. Apenas na década de 1850, Maria Velluti traduziu 25 peças para o Ginásio Dramático. É possível considerar, contudo, que o número seja maior.

Maria Velluti casou-se em 11 de dezembro de 1864, com Joaquim Augusto Ribeiro de Sousa, ator e diretor geral da Sociedade Dramática Nacional, do Teatro do Ginásio Dramático do Rio de Janeiro, teatro em que alavancou sua carreira como tradutora.

A década de 1870 marcou o fim da carreira artística da portuguesa. Maria Velluti mudou diversas vezes de companhias teatrais durante esta década. Em 1879, por exemplo, a atriz fez parte da Empresa Dramática dirigida pelo artista Barbosa (no Teatro Cassino), da Companhia Dramática Portuguesa dirigida pela atriz Emilia Adelaide (no Teatro Circo) e da Empresa dos Artistas Dias Braga e Mattos, voltando, assim, ao Teatro do Ginásio Dramático. Suas duas últimas traduções foram, respectivamente, o drama "Os incendiários" e a comédia italiana "Mania ministerial".

Traduziu diversas peças de teatro que foram representadas em território brasileiro, entre as quais as comédias Um Francês em Espanha, As Primeiras Proezas de Richelieu, O Cavaleiro de Essone, Os Filhos de Adão e Eva, Três Boticários, Os Efeitos da Educção, Luísa, A Vendedora de Perus, Os Ajudantes de Campo, A Filha de Jacqueline, Batalha das Damas, Fanfarrões de Vícios, Uma Invasão de Mulheres, O Benefício de um Ponto, Questão de Dinheiro, O Condestável de Bourbon, Joana d’Arc, O Quadro, As Noites de Sena; os dramas A Vida de Uma Atriz, A Cigana de Paris, Carlota Corday, O Ramo de Carvalho, Paulo e Virgínia, Os Infernos de Paris, O Asno Morto, Adriana Lcouvreur e Maria Padilha.