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Portugal
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The basics

Quick Facts

Places
Gender
Male
Place of birth
Barreiro, Setúbal, Portugal
Place of death
Barcelona, Barcelonès, Àmbit metropolità de Barcelona, Spain
Age
95 years
The details (from wikipedia)

Biography

Manuel Firmo (Barreiro, 9 de setembro de 1909 — Barcelona, 30 de janeiro de 2005) foi um militante anarcossindicalista, esperantista e escritor português, combatente da Guerra Civil Espanhola pela Facção republicana, prisioneiro no Campo de concentração de Gurs, no Campo de Concentração de Argelès-sur-Mer e pelo regime do Estado Novo no Campo de Concentração do Tarrafal. Autor do livro autobiográfico Nas Trevas da Longa Noite.

Biografia

Juventude

Manuel Firmo tinha dois irmãos mais novos. O seu pai trabalhava como maquinista do Caminho de Ferro do Sul e Sueste, tendo sido transferido para Faro em 1914. Será por isso nesta cidade que Manuel Firmo irá frequentar a escola primária. A família retorna ao Barreiro em Dezembro de 1918.

O primeiro emprego de Manuel Firmo será como operário de uma fábrica corticeira, aos 12 anos de idade. Será despedido após aderir a uma greve. Posteriormente trabalhará como servente de pedreiro, contínuo nos escritórios da CUF, dos quais será despedido por não querer denunciar dois colegas, e por fim mais uma vez operário corticeiro.

Esperantista

Integra o grupo "Terra e Liberdade" que edita no Barreiro um jornal diário desse mesmo nome, nos anos de 1930 e 1931. A instrução intelectual de Manuel Firmo será por si obtida através da frequência da Biblioteca da Associação dos Corticeiros e da Biblioteca do Sindicato dos Ferroviários. É nesta época que Manuel Firmo trava conhecimento com a Sociedade Esperantista Operária Barreirense, que passa a integrar. Torna-se um convicto adepto do Esperanto, do qual viria a ser professor, inclusive nos campos de concentração onde anos depois estará preso. Aprende a profissão de serralheiro nas Oficinas Gerais do Caminho de Ferro do Sul e Sueste.

Caso do vapor Évora

Manuel Firmo esteve envolvido na resistência activa à acção da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado de 23 de Maio de 1936 nas Oficinas Gerais dos Caminhos‐de‐Ferro do Sul e Sueste, à qual a PVDE se desloca para prender o serralheiro José Francisco. Os operários, entre eles vários importantes futuros agentes políticos como Jaime Serra, em solidariedade com o colega, perseguiram a polícia política à pedrada até ao histórico navio Évora no qual os agentes fugiram para Lisboa, respondendo a tiro às pedras arremessadas pelos operários, ferindo 4 trabalhadores. A grande maioria dos operários presentes seria suspenso ou despedido. No dia 5 de Junho, agentes da polícia política patrulham num veículo dotado de metralhadora as ruas do Barreiro visando a detenção dos ferroviários José Pedro dos Santos, Rodas Nepervil Pinto de Sousa, Augusto Ferreira Durant e Amadeu dos Santos Silva, Reinaldo de Castro, Manuel António Boto, Manuel António Ferro e Manuel Firmo.

Fuga para Espanha

Perseguidos pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado em função do seu envolvimento no caso do vapor Évora, Manuel Firmo e Manuel Boto, companheiros anarcosindicalistas do sindicato ferroviário, atravessam a 7 de Junho de 1936 a fronteira de Portugal para Espanha. Detidos pela polícia espanhola em função da travessia ilegal da fronteira, Manuel Firmo fica preso em Badajoz. Passadas semanas de prisão, escreve a Bernardino Machado, então exilado em Madrid, que consegue obter a sua libertação.

Guerra Civil Espanhola

Acabado de ser colocado em liberdade, Manuel Firmo parte para Madrid onde assiste ao eclodir do Golpe de Estado Fascista de Julho de 1936. Junta-se às milícias da Confederação Nacional do Trabalho, integrando o batalhão número 140 da Brigada Internacional, e parte para a frente de batalha em Somosierra. É ferido por estilhaço de granada. Mais tarde estará ao serviço da aviação republicana como sargento mecânico. Será evacuado para Barcelona em resultado das derrotas dos republicanos e, após a conquista de Barcelona pelos franquistas será um dos muitos milhares de refugiados que em simultâneo atravessarão a pé os Pirenéus para atravessar a fronteira com a França.

Refugiado em França

Será um dos milhares de refugiados da Guerra Civil Espanhola detidos no Campo de Concentração de Argelès-sur-Mer, e posteriormente, no Campo de concentração de Gurs. Com o eclodir da Segunda Guerra Mundial e a declaração de guerra dos Aliados à Alemanha, Manuel Firmo conseguirá sair do campo de concentração para trabalhar numa fábrica de material aeronáutico nos arredores de Toulouse. Com a derrota da França na guerra será aprisionado de novo no campo de concentração de Argelès-sur-Mer. Será posteriormente integrado em unidades de trabalhos forçados destinadas a colmatar a ausência de mão de obra perdida na guerra.

Regresso a Portugal

Manuel Firmo decide fugir de França para Portugal de modo a não ser forçado a integrar a unidade de trabalhadores refugiados espanhóis enviados à Alemanha pela França de Vichy. Será capturado ao tentar atravessar a fronteira entre Espanha e Portugal, e será aprisionado por motivos políticos durante meses nas cadeias do Aljube, de Caxias e do Forte de Peniche, até ser encarcerado, sem julgamento, no Campo de Concentração do Tarrafal. Beneficiará da amnistia decretada pelo Estado Novo com o fim da Segunda Guerra Mundial e será libertado em 1945, após 53 meses de prisão. Impossibilitado de encontrar emprego em Portugal, partirá para Angola, acompanhado da sua esposa, Josefa Ramos.

Após a Revolução dos Cravos

Manuel Firmo e Josefa Ramos refugiar-se-ão em Barcelona a partir de 1964. Após a Revolução dos Cravos permanecerão nesta cidade, embora mantendo estreitas relações com Portugal, que visitarão todos os verões. Manuel Firmo será colaborador assíduo do jornal A Batalha e membro do Centro de Estudos Libertários de Lisboa. Em 1977 publica o seu importante registo documental de memórias Nas Trevas da Longa Noite.

Obras

  • Nas Trevas da Longa Noite: Da Guerra de Espanha ao Campo do Tarrafal, 1977, Mem Martins, Edições Europa-América;
  • Caderno d' A Batalha, 2003, Jornal A Batalha;
  • Escritos Inéditos
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