Mamadou Ba
Quick Facts
Biography
Mamadou Ba (Kolda, Senegal, 2 de janeiro de 1974) é um ativista político antirracista e tradutor luso-senegalês. Em 2021, foi distinguido com o prémio internacional Front Line Defenders, atribuído a ativistas de direitos humanos em risco, pela sua dedicação à luta antirracista.
Biografia
Nasceu e cresceu no Sul do Senegal, visitando esporadicamente Bissau, onde tinha família e onde se interessou pela língua portuguesa. Licenciou-se em Língua e Cultura Portuguesa pela Universidade Cheikh Anta Diop, em Dacar, e, em 1997, mudou-se para Portugal, onde frequentou um mestrado na mesma área, com uma bolsa do Instituto Camões. Posteriormente, tirou o curso de tradução pela Universidade de Lisboa. Em Portugal, país do qual veio a adquirir nacionalidade, trabalhou na construção civil e na tradução de documentos do francês, bem como em diversas associações e em assessoria para o Bloco de Esquerda.
É membro fundador de associações antirracistas e de afrodescendentes, nomeadamente, a Associação Luso-Senegalesa, a Rede Antirracista de Portugal, a Diáspora Afrique e a Aliança das Pessoas Africanas e de Ascendência Africana na Europa, e integra outras, como a SOS Racismo, de que é dirigente, e a Coordenação da Plataforma Afrodescendentes de Portugal. Foi membro efetivo do Conselho da Administração da European Network Against Racism de 1999 a 2010, em representação de Portugal.
Na vida partidária, foi dirigente do Bloco de Esquerda, cuja Mesa Nacional, órgão máximo entre convenções, integrou. No entanto, desfiliou-se do partido em 2019.
A 12 de fevereiro de 2021, Mamadou Ba criticou na rede social Twitter a apresentação no parlamento pelo CDS-PP de um voto de pesar pela morte de Marcelino da Mata, que classificou de "sanguinário" e "figura sinistra do fascismo", cuja homenagem, segundo Ba, contraria a refutação da filiação ideológica àquela ideologia pelo CDS-PP. A 14 de fevereiro do mesmo ano, o partido exigiu a "saída imediata" de Ba do grupo de trabalho para a Prevenção e o Combate ao Racismo e à Discriminação, criado pelo Governo em janeiro, por ter insultado Marcelino da Mata. Um dia depois, o Chega anunciou a intenção de apresentar queixa à Procuradoria-Geral da República contra Ba, por "ofender gravemente a memória de pessoa falecida", crime previsto e punível com seis meses de prisão. A 17 de janeiro de 2021, uma petição online exigindo a deportação de Mamadou Ba devido às declarações sobre Marcelino da Mata havia recolhido mais de 30 mil nomes.
Prémios
A 24 de novembro de 2021, foi distinguido com o prémio internacional Front Line Defenders, atribuído a ativistas de direitos humanos em risco, pela sua dedicação à luta antirracista. A Front Line Defenders é uma organização irlandesa de defesa dos direitos humanos que existe desde 2001. Juntamente com Mamadou Ba, a distinção foi também atribuída a outros cinco defensores dos direitos humanos: Camila Moradia (Brasil), pela sua prestação de assistência a mulheres nas favelas do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro; Aleh Hrableuski e Siarhei Drazdouski (Bielorrússia), por defenderem as pessoas com deficiência; Aminata FabbaChair (Serra Leoa), que luta pelo direito à terra; Sami e Sameeha Huraini (Palestina), que escoltam crianças para a escola, tentando protegê-las dos ataques israelitas na Cisjordânia; e a organização ambiental Mother Nature (Camboja).