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Brazil
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João Spadari Adami
Brazilian historian

João Spadari Adami

The basics

Quick Facts

Intro
Brazilian historian
Places
Work field
Gender
Male
Birth
Place of birth
Caxias do Sul, Brazil
Death
Age
75 years
João Spadari Adami
The details (from wikipedia)

Biography

João Spadari Adami (Caxias do Sul, 11 de janeiro de 1897 — Caxias do Sul, 4 de dezembro de 1972) foi um historiador brasileiro.

Era filho dos imigrantes italianos Francesco Adami e Selene Spadari, que chegaram a Caxias ainda menores de idade, tendo viajado com seus pais. Os pais de Francesco chegaram nos primeiros dias de 1877, quando o filho tinha seis anos, e os de Selene em 1891, tendo ela quinze anos. Após seu casamento, Francesco e a esposa se estabeleceram onde futuramente surgiria o bairro São Pelegrino. Ele trabalhou como sapateiro e ela como lavadeira. Tiveram os filhos João, Alfredo (falecido pequeno), Alfredo II, Adelaide, Catarina, Clara, Francisca, Ernesto, Santina e Maria.

Aos 9 anos de idade foi iniciado no ofício de alfaiate, e pouco depois no de barbeiro. Em sua pré-adolescência foi jogador de futebol, participando em 1910 da fundação do primeiro time da cidade, o Esporte Clube Ideal, de breve existência, mas importante porque, segundo Cruz et alii, foi "uma iniciativa muito significativa numa cidade conservadora onde até então os principais esportes a serem disputados eram o jogo de cartas, o jogo da mora e o jogo da bocha", sendo "o impulsionador e difusor da prática futebolística que, muito em breve, seria absorvida e disseminada como mais uma atividade de cunho social pelos clubes recreativos da cidade".

Com 14 anos mudou-se para o distrito de Ana Rech, onde estabeleceu sociedade em uma barbearia. Em 1913 viajou para Antônio Prado a fim de ajudar um primo. Deveria voltar em poucos dias, mas lá permaneceria por muitos anos. Em seguida foi convocado pelo Exército para servir em Cruz Alta. Em 1923 voltou a Antônio Prado. Nesta época despertou seu interesse pela história de Caxias do Sul, tema ao qual devotaria o resto de sua vida.

Em 1929 radicou-se definitivamente em Caxias do Sul, ganhando a vida como barbeiro e alfaiate. Ao mesmo tempo, tornava-se o pioneiro da historiografia caxiense, em uma época em que ali nada havia sido estudado com profundidade, destacando-se também pela sua incomum objetividade e fidelidade aos documentos, ao passo que a "história oficial" ainda era sistematicamente mitificada em discursos grandiloquentes que divulgavam uma série de erros factuais sobre a formação da cidade. Em suas pesquisas desenterrou uma grande quantidade de documentos esquecidos em arquivos públicos e coleções privadas, transcrevendo e publicando muitos deles. Durante anos manteve em sua barbearia o Centro Informativo da História Caxiense, onde acumulou vasta quantidade de material historiográfico, e publicou na imprensa diversos artigos e crônicas sobre temas específicos. Apesar do seu amadorismo, os historiadores locais são unânimes em reconhecer a importância do seu trabalho e o seu vanguardismo em um campo até então inexplorado.

Seu trabalho avulta ainda mais porque Adami teve uma educação muito deficiente, cursando somente até o 3º ano primário, e depois recusou-se a continuar na escola. Sempre reconheceu sua formação precária, e protestava contra os especialistas que não se interessavam pelo passado caxiense, obrigando um amador a fazer o que eles deveriam fazer. Não obstante, quando maduro era frequentemente consultado por professores e alunos sobre o tema de sua predileção, chegando a dar numerosas palestras na Universidade de Caxias do Sul, em escolas, grupos culturais e outros espaços. Em seu gabinete de trabalho, nos fundos da sua barbearia/alfaiataria, foi fundada a Academia Caxiense de Letras, da qual foi um dos idealizadores, sendo secretário ad hoc na sessão de fundação, e depois ocupando a Tesouraria. Foi um dos mais ativos membros desta entidade até pouco antes de falecer. Também assumiu por alguns anos a direção do Museu Municipal.

Sua obra-prima é História de Caxias do Sul, em 7 volumes, editados entre 1951 e 1981, até hoje uma referência básica para o conhecimento da história local. O inestimável acervo documental que reuniu ao longo dos anos foi doado por seus descendentes ao Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, que desde 1997 leva seu nome em memória e homenagem ao seu trabalho. Ele também recebeu da Municipalidade a Medalha Caxias do Sul por seus relevantes serviços e após sua morte seu nome batizou uma rua. Foi a inspiração para um dos personagens do livro Script, de Tadiane Tronca, e foi homenageado na Festa da Uva de 2016. Foi casado com Etelvina Lautert de Castro, tendo com ela cinco filhos: Theresinha Belkys, Victor Francisco, Serenita Maria, Mirian e Maria de Lourdes. Nas palavras de Mário Gardelin,

"Poucas pessoas se apaixonaram tanto por um ideal e lhe dedicaram tão constante esforço como João Spadari Adami à história de Caxias do Sul. A natureza deu-lhe entusiasmo e empenho, mas recusou-lhe estudo básico, e o que teria sido o meio mais eficaz, a frequencia a uma faculdade. [...] E isso não impediu que escrevesse nos jornais, abordando ideias e fatos muitas vezes polêmicos ou adotando posições políticas que hoje necessitam ser interpretadas. [...] Testemunhou a história, escrevendo e observando episódios que ele assistiu, colecionando jornais e fotografias. [...} João Spadari Adami, de certa forma, repete no tocante à história o que os pioneiros foram em relação à agricultura, ao comércio e à indústria. Improvisaram. Trabalharam por intuição. E os resultados foram excelentes".

Na apreciação de Décio Bombassaro,

"Seu trabalho tinha um objetivo claro: trazer à luz os verdadeiros acontecimentos que precederam e foram decisivos para a fundação de Caxias do Sul. Na missão que a si mesmo impôs, João Spadari foi impecável. Não que tenha utilizado processos científicos de pesquisa, já que não os conhecia. O seu estilo é panfletário, limitando-se a formular afirmações escudado nos documentos oficiais históricos. Ele não acreditava em depoimentos orais, fáceis de escamoteação, quer pela idade avançada, quer pela vaidade humana. Para o jornalista e historiador Mário Gardelin, quando se examina a obra de João Spadari Adami e a sua contribuição para a história de Caxias do Sul, fica-se espantado pelo muito que fez, dispondo de tão poucos meios. De um lado, escorou-se em seu instinto de homem apaixonado pela história, da qual, entretanto, não tinha uma visão mítica ou heroica, mas sim o puro gosto de saber e de conhecer os fatos. De outro lado, conseguiu ler, anotar e publicar milhares de documentos e esboçar estudos que serão sempre citados pelo historiador do futuro".

Obras

  • História de Caxias do Sul
    • Volume I: Caxias A Pérola das Colônias
    • Volume II: Caxias do Sul
    • Volume III: História de Caxias do Sul 1864-1962
    • Volume IV: História de Caxias do Sul 1964-1970
    • Volume V: História de Caxias do Sul: Exposições e Festas da Uva 1881-1965
    • Volume VI: História de Caxias do Sul (Educação) 1877-1967
    • Volume VII: História de Caxias do Sul (Social-Esportiva)
  • História da Poesia Caxiense
  • História da Música Caxiense
  • Dicionário de Intelectuais Caxienses
  • Caxias e o Elemento Luso-Brasileiro
  • Meus Tropeços com o Italianismo
  • Escrevendo para Mim
  • Numerosas crônicas e ensaios publicados em jornais e folhetos

Ver também

  • História de Caxias do Sul
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