Concas
Quick Facts
Biography
Maria da Conceição Dinis da Fonseca Nunes, (também conhecida por Maria da Conceição Nunes), mais conhecida por Concas (Coimbra, 9 de Outubro de 1946 - 17 de Janeiro de 1991) foi uma pintora portuguesa.
Biografia
Com 7 anos de idade transfere-se com a sua família para Moçâmedes, Angola, onde o pai fora colocado para lecionar numa escola. Dois anos mais tarde, em 1958, Concas regressa a Portugal e inicia o Curso de Formação Feminina na Escola Industrial Luísa Gusmão, em Lisboa. No ano seguinte volt
a para África mas desta vez para Lourenço Marques onde se interessa por pintura e aprende com os pintores António Heleno e Silva Pinto. Foi também em Moçambique que a pintora fez os seus primeiros desenhos.
Em 1963, terminando a Secção Preparatória às Belas Artes, regressa a Portugal e ingressa na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, no Curso Geral de Pintura, que conclui 4 anos depois com 17 valores. No ano seguinte, em 1968, matricula-se no Curso Complementar de Pintura nesta mesma escola e termina-o em 1969 com 16 valores. Durante o tempo que esteve a estudar na ESBAL realizou viagens de estudo a Roma, Florença e Londres.
No ano em que termina o Curso Complementar Concas casa-se com o escultor Antonino Mendes, de quem vem a ter dois filhos.
E é nessa altura, em 1970, que a pintora inicia a sua carreira de docente, apesar de apenas terminar o curso de Ciências Pedagógicas (na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra) em 1971. Em 1975 inicia ações de formação para professores de Educação Visual e um ano depois torna-se professora efetiva de Educação Visual na Escola Preparatória das Caldas da Rainha, onde permanece até ao ano letivo 1989/1990.
Ao longo da sua vida foi bolseira do Ministério da Educação por duas vezes. Primeiro em 1977, em Bordéus, onde realiza estágios e seminários de Comunicação,
Semiologia da Imagem e Pedagogia Audiovisual. E depois em 1981 em Périgueux, na área da Comunicação Audiovisual e Formação de Formadores. Esta segunda bolsa surge em consequência de uma experiência profissional de Concas quando, em 1979, integrou a I.C.A.V. (Iniciação à Comunicação Audiovisual), desenvolvida pelo Ministério da Educação e da Cultura, na qualidade de Encarregada de Formação e Animadora/Coordenadora. Neste âmbito Concas organiza e dinamiza ações de formação para professores de inúmeras Escolas Preparatórias e Secundárias, participa em cursos e seminários na área da Comunicação Educativa (1981), publica trabalhos de índole pedagógica em revistas editadas pelo Ministério da Educação (1982) e colabora assiduamente na publicação do “Boletim de Ligação e Difusão do I.C.A.V.” (1984).
Em 1984 Concas e outros artistas fundam o chamado "Grupo dos Seis", sendo eles João Fragoso, António Vidigal, Antonino Mendes, João Honório e Helena Mendoça. Com este grupo a pintora organizou e participou em diversas exposições.
No ano seguinte procura desenvolver conhecimentos e competências e, neste sentido, ingressa no Curso de Formação em Tecnologia Educacional, na Escola Superior de Educação de Leiria. A partir desta aposta na formação surgem novos e diversos desafios profissionais: dinamização dos programas “Plural” (1987) e “Magazine” (1988) na Rádio Litoral Oeste; apoio no “Atelier Aberto de Desenho e Aguarela” promovido pelo Museu José Malhoa (1988); consultoria dos novos programas de Educação Visual e Tecnológica, no âmbito da Reforma do Sistema Educativo (entre 1988 e 1990); colaboração na Semana d’Artimágica, dinamizando o atelier de pintura, no Externato Atlântico de Peniche (1989); integração na Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha como professora equiparada adjunta da unidade curricular de Pintura (1990).
Ao longo da sua carreira Concas participa frequentemente em exposições, coletivas e individuais, das quais se destacam as seguintes: V e VI Salões de Arte Moderna da Costa do Sol, Estoril, 1968 e 1969, respetivamente; Exposição Comemorativa do Cinquentenário da Morte do Pintor Amadeo de Sousa Cardoso, Amarante, 1968; exposição individual de “Desenho e Pintura”, integrada na I Feira do Mar, Peniche, 1981; exposição individual na Casa da Cultura das Caldas da Rainha, integrada na 5ª Feira Nacional da Fruta, 1981; III e IV Exposição dos Artistas Caldenses, Museu José Malhoa, 1981 e 1989, respetivamente; exposição coletiva com artistas estrangeiros no Atelier Moldetegui, em França, 1985; exposição coletiva na Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha, 1985; Exposição de Artes Plásticas de Professores, na Galeria de Arte do Casino Estoril, 1987; II Bienal Internacional de Escultura/Desenho das Caldas da Rainha, 1987; exposição individual no Hotel D. Pedro V, em Castelo de Vide, 1988; exposição individual em Peniche, 1989; exposição coletiva na Galeria 101, Lisboa, 1989; entre outras.
Em 1969 é galardoada com o Prémio Guérin de Artes Plásticas, em Lisboa.
Mudou-se para as Caldas da Rainha em 1976, onde leccionou em vários graus de ensino. Nas Caldas, Concas esteve ligada a várias escolas caldenses, ao Museu de José Malhoa, ao Centro de Artes e ao Grupo de Artistas Caldenses. Estava na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha em 1991 quando faleceu, vítima de doença súbita.
Legado
A sua obra encontra-se representada em diversas coleções: nos museus José Malhoa nas Caldas da Rainha, e Luís de Camões em Macau, nas câmaras municipais de Óbidos e Beja, e também em coleções particulares em Portugal, França, Dinamarca, Alemanha e Brasil.
A 15 de Maio de 2009, por ocasião do Dia da Cidade, foi inaugurado no Centro de Artes das Caldas da Rainha o "Espaço da Concas", um núcleo museológico dedicado à pintora, e o único sobre pintura daquele Centro, ficando instalado nos ateliers municipais onde funcionou a Escola Superior de Artes e Design. Segundo Fernando Costa, Presidente da Câmara das Caldas da Rainha, a autarquia fez um investimento de 250 mil euros, com a finalidade de implementar o museu naquele espaço, designando Concas como "uma referência local e nacional", cuja homenagem era importante para a autarquia. As obras de Concas foram doadas pela família ao município, com a finalidade deste as albergar num núcleo permanente, o que veio a acontecer, simbolicamente, no último local onde a pintora leccionou. O espaço compreende entre 400 e 500 trabalhos, entre pinturas a óleo, desenhos, aguarelas e trabalhos em técnica mista.
A 14 de Abril de 2012 foi lançado no "Espaço da Concas" o catálogo dedicado à obra da pintora. O lançamento decorreu durante uma cerimónia de homenagem a Concas, na qual o pintor Mário Tropa ofereceu um dos seus quadros ao espólio daquele espaço.
Em Outubro de 2015 os presidentes da câmara de Caldas da Rainha e Figueiró dos Vinhos, ao reunirem-se com vista a elaborar uma futura Rota Malhoa que ligasse as duas localidades destacaram, além de José Malhoa, os artistas Antonino Mendes e Concas na ligação entre as duas autarquias. Na ocasião Maria da Conceição Pereira, vereadora da cultura das Caldas da Rainha, referiu que a primeira vez que visitou os Paços do Concelho de Figueiró foi para inaugurar uma exposição de Concas, 25 anos atrás.
Outras referências usadas no texto
- Concas. Figueiró-dos-Vinhos – Locais e Referências. Caldas da Rainha: Centro de Artes / CMCR, 2013.
- O espaço da Concas. Caldas da Rainha: Centro de Artes / CMCR, 2011.
- Concas. “Retratos”. Caldas da Rainha: Centro de Artes / CMCR / Osiris, 2001.
- Concas. Pintura e desenho. 1946-1981. Caldas da Rainha: CMCR / Osiris, 1995.
- Concas : Maria da Conceição Dinis da Fonseca Nunes : exposição retrospectiva / Museu de José Malhoa Caldas da Rainha: Museu José Malhoa / CMCR / Instituto Português do Património Cultural, 1991.