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Carlos Abrão Bresser

Carlos Abrão Bresser

The basics

Quick Facts

Work field
Gender
Male
Place of birth
Krefeld, Germany
Place of death
São Paulo, Brazil
Age
51 years
The details (from wikipedia)

Biography

Carlos Abrão Bresser ou Karl Abraham Breßer (Krefeld, Renânia do Norte-Vestfália, 30 de maio de 1804 - São Paulo, 27 de março de 1856) foi um engenheiro civil e major do exército da Prússia. Carlos Abrão Bresser executou diversas obras de expansão em São Paulo e fez as primeiras plantas oficiais da cidade. Além das suas obras, bairros como o Brás e Mooca se urbanizaram com o desmembramento de suas propriedades.

No Brasil

Numa carta do então prefeito de Krefeld ao major João Bloem, diretor-geral das Usinas Siderúrgicas do Império do Brasil, datada de 15 de junho de 1838, é comunicada a vinda de Karl Abraham Bresser ao Brasil. A convite do marechal Daniel Pedro Müller, Bresser atuaria como 'major de engenheiros', direcionando construções:

[...] sr. Breßer comunicou-me a sua decisão de viajar convosco ilustríssimo senhor, para o Brasil, a fim de ser empregado na construção de estradas e pontes lá. [...] possui conhecimentos e habilidades bem fundados na sua especialidade e [...] a sua conduta de vida se apresenta modular e realmente imaculada. [...] ao longo dos anos, ganhei a convicção de que Vós achareis nele um fiel, habilidoso e assíduo trabalhador. [...] aproveito de bom grado o ensejo de expressar a minha elevada estima e devoção, tendo a honra de subscrever,
De Vós, Ilustríssimo Senhor,
Sinceramente seu
[a.] Leysner, Prefeito de Krefeld

Karl Abraham desembarcou do navio Clementina, acompanhado de Dom Pedro II, em 1838. Quando na província de São Paulo, ainda com cerca de 60 mil habitantes, Karl Abraham Bresser passou a assinar como Carlos Abrão Bressere comprou dos franciscanos uma grande chácara no Brás, situada ao lado esquerdo da estrada da Penha: a Chácara Bresser. Propriedade vizinha à Chácara do Ferrão, pertencente à Marquesa de Santos, a preferida de Dom Pedro I.

No Brasil, Carlos Bresser viveu com a vienense Ana Clara Augusta Müller, irmã do marechal Daniel Müller e neta do abastado negociante Henrique Möller. Juntos, tiveram 5 filhos: Carlos Augusto, Clara Albertina, Carlos Adolfo, Carlos Alberto e Carolina Augusta. Assim, enquanto chegavam os primeiros pontos de iluminação pública ao Brás, lampiões alimentados por óleo e azeite, por volta de 1846, formava-se a primeira geração dos Bresser no país.

Carlos Abrão Bresser faleceu a 27 de março de 1856, aos 52 anos. De origem protestante, foi "absolvido" e batizado pelo reverendo Francisco Hermenegildo Camargo, tornando-se católico praticante em seus últimos dias de vida. Bresser foi sepultado no jazigo da Irmandade de São Benedito, na Igreja de São Francisco, em São Paulo, como irmão da Ordem Terceira do Carmo, ao lado do senador Diogo Antônio Feijó. Todas as despesas com seus funerais foram pagas pelo imperador Dom Pedro II.

Obras

Carlos Abrão Bresser, a serviço de seu cunhado, marechal Daniel Müller, foi responsável por diversas obras, algumas importantíssimas para o desenvolvimento de São Paulo rumo ao Leste. Das obras comprovadamente de sua autoria, destacam-se:

  • Ponte do Carmo - a primeira ponte construída sobre o rio Tamanduateí, surgiu da necessidade de ligar a Ladeira do Carmo ao aterrado do Brás. Era feita de pedra, e adornada com uma abóbada de tijolos, proporcionava a saída para o Rio de Janeiro.
  • Ponte de Sant'Anna - uma das primeiras pontes construídas sobre o rio Tietê.
  • Traçado de São Paulo para o Serviço de Gás - estudo conservado no Museu do Ipiranga.
  • Primeiro Matadouro Municipal - construído em 1849, era como as demais construções da região, uma rústica construção de taipa, no bairro da Liberdade, destinada ao abate de animais.
  • Primeira Planta da Cidade de São Paulo - datada provavelmente de 1841, traz referências ao "Caminho para a Moka", antigo nome da atual Rua Piratininga, no bairro do Brás.
  • Canalização e Alinhamento do Rio Tamanduateí - suprimiu-se uma imensa área da várzea original, que aterrada deu origem a bairros e ruas, como a Rua 25 de Março.
  • Retificação do Curso do Rio Tietê
  • Hotel Palm - a primeira construção paulistana inteiramente de alvenaria e, provavelmente o primeiro hotel paulistano. Projetada em 1851, situada no Largo do Capim, possuía detalhes raros para a época. O sobrado foi usado por Carlos Abrão Bresser como pensão até sua morte, em 1856, por ser próximo à Faculdade de Direito.
Eudes Campos, doutor em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, analisou o edifício:
[...] "este pequeno sobrado apresentava certos detalhes construtivos inovadores e verdadeiramente incomuns, tais como: vidraças fixas na parte superior das janelas de guilhotina, ocupando um terço da altura do vão; bacia de sacada com uma forma arredondada peculiar que fugia do desenho tradicional; vergas de portas providas de chaves de caráter ornamental; pilastras inseridas regularmente entre as janelas e portas além de um detalhe técnico, ressaltado por Carlos Lemos: o modo de fixação reentrante dos aros das envasaduras nas fachadas (algo também até então inusual). [...] O agenciamento de terraços no alto de edifícios pressupõe a execução de abóbadas de tijolos, e isso, para a São Paulo de 1851, representava uma verdadeira proeza técnica.[...] Aliás, a casa de Bresser era uma construção que apresentava particularidades muito dignas de atenção.[...]"
Em 1856, havia anúncios nos jornais que seu comércio passaria a funcionar também como restaurante, tal como segue:
"Para satisfazer o desejo de alguns Srs. Estudantes que morão longe da aula [da Academia de Direito], e para o interesse pecuniario, e comodidade de muitos Srs solteiros me resolvi a mandar fazer almoço de manhã, q' tera lugar de 9 horas até meio dia, conforme o costume e gosto, inglez, francez, alemão, ou brasileiro: principiando no dia 14 de março, na casa de sotéa no sobrado n.22 largo de S. Francisco.[...]"
C. A. Bresser
Após Bresser, o sobrado abrigou o Hotel Lion D'Or, e no ano seguinte, o Hotel des Voyageurs (CAMPOS, 1997, v. 2, p. 380). Pedro Imbert, proprietário do Hotel des Voyageurs anunciou no Correio Paulistano:
"O local deste novo Hotel, é sem duvida, um dos mais apraziveis não só pela excellente vista que offerece a Sotea, mas ainda pela salubridade do lugar, além de ficar no centro da Cidade [...]"
Passados alguns anos, o terraço superior foi substituído por um telhado comum, em posse de um posterior proprietário.
  • Reconstrução da Estrada de Lorena - possivelmente, a mais importante de suas obras no Brasil. A Estrada de Lorena (atualmente Estrada do Mar) foi a primeira rodovia entre o litoral e São Paulo, conectando o porto de Santos através de regiões pantanosas. Assim, as mercadorias não necessitariam ser levadas até o porto do Rio de Janeiro, que ficava cerca de 400 quilômetros de distância.

Bresser e São Paulo

Nas proximidades da Chácara Bresser, Carlos Abrão construiu cerca de 200 casas e galpões para explorar aluguéis. Assim, pelo desmembramento de suas posses, os bairros do Brás (fundado por Carlos Augusto Bresser) e da Mooca começaram a se urbanizar na década de 1910, consolidando o desenvolvimento daquela região. Diante disso, a história desses bairros está profundamente relacionada à história dos Bresser. Fato reconhecido pelo deputado Celso Giglio, quanto ao intuito de alguns políticos em mudar o nome da Estação Bresser-Mooca de metrô:

“[...] o motivo pelo qual o nome da Família Bresser ficou associado àquela região, próxima dos limites entre os bairros do Brás e da Mooca, não poderia ser mais simples, nem mais característico de nossa cidade. Boa parte daquela área foi urbanizada depois do desmembramento da Chácara Bresser, que pertencera a Carlos Abrão Bresser, [...] o Engenheiro Carlos Abrão Bresser gozava de tal prestígio que as suas exéquias foram pagas pelo imperador. Não admira, portanto, que seu nome ficasse indissoluvelmente ligado à região da cidade onde se fixaram ele e sua família [...]”

Pela história dos Bresser em São Paulo, sobretudo no bairro do Brás, existem diversas vias e edifícios públicos batizados em memória a membros da família. Algo observado em locais como: as ruas Bresser, Júlia Bresser e Gustavo Bresser, a Estação Bresser-Mooca de metrô, a vila Izaura Bresser e o viaduto Bresser, no Brás; a rua professor Alfredo Bresser, em Santana; a rua Cândido Augusto Bresser Dores, no Butantã; a rua Eugênia Bresser, no bairro Jaçanã; a rua Carolina Augusta [Bresser], na Liberdade; a travessa Doutor José Bresser da Silveira, no Jardim Paulista; e a Escola Estadual Alfredo Bresser, em Pinheiros. Em outras cidades, como Guarulhos, existem as ruas Carlos Augusto Bresser e Leonor Bresser Correia; há uma segunda rua Bresser, em Santo André; e, em São José do Rio Preto, há a rua José Roberto Bresser.

Antes do Brás tornar-se um bairro comercial, os descendentes de Carlos Abrão habitavam no bairro. Algo explicado pela revista Marie Claire, ao entrevistar Diva Bresser, bisneta de Carlos Abrão Bresser:

"O bairro foi endereço de médicos e mansões. Por ali, mocinhas como dona Diva circulavam com jóias, luvas, chapéus e laçarotes na cabeça. [...] 'Nossa casa de esquina na rua Bresser, com cinco criados, vivia aberta.' [...] Veio o comércio, a degradação, as 'famílias boas' se mudaram. Dona Diva mora em Higienópolis, mas ainda vai rever amigas no Brás, no Carrão, e fazer compras na rua Oriente [...]"

Fontes

  1. UNZELTE, Celso. A Família Bresser na História de São Paulo. Idealizado por Diva Bresser. São Paulo: Campo Visual, 2003.
  2. SANT'ANNA, Denise Bernuzzi de. Cidade das Águas: usos de rios, córregos, bicas e chafarizes em São Paulo (1822-1901). São Paulo : Senac Editora. ISBN 9788573596229. Páginas 140, 141 e 142.
  3. EMIDIO, Tereza; PERRONE, Maria Lúcia Passos. Desenhando São Paulo: mapas e literatura (1877-1954). Senac Editora, 2009.
  4. PORTA, Paula; PRADO, Antonio Arnoni; CAMPOS, Alzira; DUARTE, Adriano Luiz. História da cidade de São Paulo: A cidade no Império 1823-1889. Editora Paz e Terra, 2005. Páginas 206 e 207.
  5. "Carlos Abraão Bresser: Major Engenheiro Alemão (...)". Periódico de "A Defesa Nacional" Nº 650 Jul/73 Editora Cooperativa Militar
  6. CAMPOS, Eudes. Obras públicas e arquitetura vistas por meio de fotografias de autoria de Militão Augusto de Azevedo, datadas do período 1862-1863. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. ISSN 0101-4714. Junho/2007
  7. Reportagem Especial "A Hotelaria de São Paulo", por Rodrigo Brancatelli. Periódico "O Estado de S. Paulo", Novembro/2010. Caderno Cidades, C9.
  8. ASSUNÇÃO, Paulo de. As condições urbanas da cidade de São Paulo no século XIX. Revista Histórica. Agosto de 2009 [3]
  9. [4]
  10. Revista Marie Claire. O lado cor - de - rosa de São Paulo. Edição 154 - Jan/04
  11. BUENO, Antonio Henrique da Cunha. Dicionário das Famílias Brasileiras. 1981, p. 543
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